Eugienização e Elitização no Centro de Campinas
Uma Análise Crítica

Manobra Discursiva Fascista de Eugenização e Elitização no Centro de Campinas: Uma Análise Crítica
A nova estratégia utilizada por determinados grupos da sociedade e pela administração pública de Campinas, direcionada à marginalização e criminalização das pessoas em situação de rua no centro urbano, se caracteriza como uma manobra retórica de essência fascista, evidenciada pelo aumento de práticas de limpeza social. Essa abordagem não se restringe apenas ao controle urbano, mas representa uma intenção clara de tornar certas áreas centrais elitizadas, visando à exclusão de indivíduos considerados indesejáveis e "invisíveis" no ambiente urbano.
Essa mentalidade de Eugenização, amplamente disseminada no discurso coletivo, procura transformar a pobreza e a marginalização em questões a serem eliminadas, ao invés de serem vistas como problemas estruturais que exigem intervenções humanitárias e políticas públicas eficazes. Trata-se, portanto, de um processo de seleção espacial, onde os espaços urbanos são reimaginados como áreas exclusivas para uma elite social, excluindo, de forma sutil e cruel, aqueles que não se adequam aos padrões estéticos e sociais impostos pela ordem estabelecida.
A narrativa que justifica essa elitização no Centro de Campinas é uma manifestação de um projeto neoliberal que prioriza a estética urbana e busca aumentar os lucros do mercado imobiliário, em detrimento dos direitos humanos mais básicos. O discurso de “limpeza” e “ordem” que embasa essa movimentação encobre, de maneira insidiosa, a violência simbólica e estrutural direcionada aos mais vulneráveis, ao mesmo tempo em que justifica a segregação social em nome de um suposto avanço urbano.
Assim, a lógica de Eugenização urbana não é apenas um reflexo da desigualdade econômica, mas também uma expressão de um processo de subordinação e silenciamento das classes marginalizadas, especialmente das pessoas em situação de rua, cuja presença é vista como uma inconveniência para a idealização de uma cidade “limpa” e “próspera” para o capital. Essa visão distorcida da realidade apresenta um cenário de crescente intolerância e exclusão social, onde a dignidade humana é sacrificada em prol da eficiência do mercado e da estética urbana.
Em síntese, a elitização do Centro de Campinas através de estratégias de Eugenização não apenas ignora a complexidade dos problemas sociais subjacentes, como também fortalece as dinâmicas de poder que favorecem uma minoria, marginalizando aqueles que, devido a uma série de fatores estruturais, são obrigados a viver à margem da sociedade.
Foto: Reprodução/Modesto Brocos (1985) - "A Redenção de Cam", de Modesto Brocos (1985). A arte em questão mostra uma mulher negra retinta, levantando as mãos para o céu em agradecimento por seu neto ter nascido branco, em vez de negro.
Fonte: Edvaldo Marinho - Criminologo